31 de out. de 2015

Metalúrgicos de Rio Grande fazem Ato em Defesa do Emprego e da Petrobrás.


Por CSP CONLUTAS Rio Grande/RS

No dia 23 de Outubro, sexta-feira passada, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande – RS realizou um ato público no centro da cidade em DEFESA DO EMPREGO E DO POLO NAVAL  E DA PETROBRAS . A grande apreensão na cidade é que  Polo Naval não passe pela crise econômica brasileira gerando mais desemprego.

Porém, o fantasma do desemprego em Rio Grande começa com o avanço das investigações da Operação Lava Jato que atingiu empresas do Polo Naval que prestam serviço para a Petrobrás e a decisão do governo de levar a construção de plataformas de petróleo da Petrobrás para a China e o cancelamento de contratos de outras plataformas.

Hoje, 30% das plataformas já estão sendo feitas na China causando o desemprego de milhares de trabalhadores na cidade. A luta dos metalúrgicos tem sido intensa, como em abril quando trabalhadores desempregados, em cinco ônibus, organizados pelo sindicato foram ao Rio de Janeiro na sede da Petrobrás garantir que o contrato de duas Plataformas permaneçam no Brasil e que seriam construídas pela empresa QGI gerando assim milhares de empregos diretos e indiretos. A ida ao Rio de Janeiro garantiu a assinatura de um documento entre empresa e Petrobrás onde se comprometem com a construção das plataformas em Rio Grande. As contratações devem ocorrer em Janeiro de 2016.



Na ocasião o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro deu total apoio ao sindicato e aos trabalhadores com carro de som e estrutura. Mesmo sendo filiado a CUT, o sindicato dos metalúrgicos de Rio Grande não recebeu  nenhum apoio da CUT nesse ato. Postura essa explicada no ato do dia 23 quando as falas dos sindicalistas ligados a CUT foram de defesa do governo Dilma e de Lula. Deixando claro um apoio a Lula na próxima eleição presidencial.

Bem ao contrário da fala da CSP-Conlutas  onde deixamos claro que a LUTA é o caminho para garantir os empregos, direitos e o fim da corrupção.  E que temos que enfrentar o Governo Dilma,Temer, Sartori (governador do RS), Cunha e Aécio. E que precisamos de uma greve geral. Pois todos estão ao lado dos patrões e contra a classe trabalhadora. Felizmente, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande tem escolhido o caminho das lutas. Realizando paralisações e assembléias no principal estaleiro da cidade com milhares de trabalhadores. Por isso, a CSP-Conlutas Rio Grande, juntamente com a ANEL, tem participado ativamente nas lutas dos metalúrgicos deixando claro nossa disposição de unidade na ação em defesa da classe trabalhadora.

Todo apoio a luta dos metalúrgicos de Rio Grande!

CSP-Conlutas RIO GRANDE.

25 de out. de 2015

Classe e reorganização operária na Argentina



Aldo Cordeiro Sauda
Rodrigo Claudo

Após uma longa manha de panfletagem e conversas na porta da 
fábrica de chocolates Felfort, em Buenos Aires, Aldo Sauda e Rodrigo Claudio entrevistaram os dirigentes operários Franco “Idoeta” e Rodolfo “Cacho”. Militantes do PSTU argentino, os dois são também membros da comissão de delegados eleitos pelos trabalhadores da Felfort para representa-los junto ao sindicato. Alem disto, nas atuais eleições, Rodolfo “Cacho” integra a lista de candidatos a deputado federal pela FIT, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores que concorrerá este fim de semana nas eleições nacionais,



Aldo: Qual a situação do movimento operário argentino dos últimos anos?

Franco “Idoeta”: Nos últimos anos temos passado por uma fase de reorganização. Surgiu neste período uma grande camada de novos delegados de base. Aqui na Argentina, a diferença da organização sindical comparada ao Brasil está em que temos delegados diretamente eleitos pelos trabalhadores nas fábricas, que são ligados à organização sindical, criada durante o governo de Peron. Houve uma renovação de muitos delegados de muitos lugares, e a esquerda conseguiu captar uma parte deles. A maioria, porém, está solto politicamente. Eles não respondem a nenhuma corrente politica.

Este processo se inicia de certa forma desde 2001, quando houve uma revolução contra o regime aqui na Argentina. Acontece que a burguesia não conseguiu encerrar o processo que se iniciou em 2001. Aqui na fábrica em que eu trabalho, a Felfort, houve uma luta no ano de 2009 em que se formou uma comissão operaria independente. Lamentavelmente a que tínhamos antes – faz 25 anos que trabalho aqui, e até então sempre foi assim – eram sempre controladas pela burocracia sindical ou pela empresa.

Rodolfo “Cacho” Vidal: Não havia reclamações contra o patrão, não havia luta havia muito o que fazer, e, como colocou meu companheiro, depois de 2009, começou uma mudança em muitos lugares. Aqui se começou a lutar por um montão de coisas, e foi isto o que seguimos fazendo, e tem muito oque fazer.

Em 2012 formamos uma lista de oposição à direção sindical, a “lista Bordó”, junto com outras comissões de fabrica e outras agremiações, e em pouco tempo ganhamos 40% dos votos. Só não ganhamos mais porque teve muita fraude. Há, é claro, também muita gente que não é filiada ao sindicato, porque discorda de suas políticas, e lamentavelmente estas pessoas não tem direito a voto.

Seguimos, portanto, lutando para que as pessoas se filiem ao sindicato, para recuperarmos o sindicato e colocá-lo nas mãos dos trabalhadores, e travem uma luta a nível nacional para que possamos construir um governo e sindicato operário e popular. Esta é a luta que tocamos aqui na fábrica com os companheiros. Hoje já temos outros companheiros em outras fábricas.

Não é fácil, mais a luta vai crescendo, dia a dia, luta em luta. Panfletando para os trabalhadores, como fizemos hoje juntos a vocês, vendendo jornal, fazendo assembleias permanentemente e comunicando a eles sobre tudo que acontece no país. Não queremos que os trabalhadores se deixem enganar por discursos lindos de rostos bonitos que são falsos, como os de todos os governos que já tivemos até hoje, que foram todos governos dos patrões.

O que queremos é a revolução, como disse meu companheiro, para que os trabalhadores possam governar. Este é o tema mais importante, porque os trabalhadores pensam que sua vida se reduz a trabalhar, e é preciso conscientizá-los que isto não é verdade. Que temos que governar, e nesta luta estamos todos os dias.

Aldo: podes explicar ao publico brasileiro a diferença entre os sindicatos e as comissões de fabrica e como elas se relacionam entre si?

Franco “Idoeta”: Pelo que entendo, a estrutura sindical brasileira foi construída a partir das políticas de Getúlio Vargas, que organizou a formação da estrutura sindical, na Argentina tivemos o mesmo com Peron.

A diferença com o Brasil é que aqui os delegados de fábrica, que integram o corpo orgânico do sindicato, são eleitos diretamente pela base. Isto dá espaço para nós, e é um grande avanço legislativo, porque mesmo que o sindicato segue sendo rígido e estatal como no Brasil, esta parte dos delegados é muito mais democrática. Ela permite que os trabalhadores se envolvam diretamente nos processos de eleição de delegado, sem ter de ser, inclusive, membros filiados ao sindicato. Isto tudo é muito importante, por isto que o processo é tão rico no surgimento de delegados, ele expressa, da forma menos distorcida possível, a vontade da base.

Aldo: Qual o peso da esquerda no processo? Os delegados se entendem ideologicamente como parte da esquerda ou apenas como operários lutando contra os patrões?

Franco “Idoeta”: A esquerda conseguiu captar uma minoria importante dos delegados, porem não a maioria. Infelizmente isto se da pela dispersão da esquerda na Argentina.

Muitos destes ativistas votam na esquerda, inclusive porque há uma base mínima, digamos de forma simplificada, uma base mínima no qual os companheiros reconhecem os da esquerda como combativos. Se vota na esquerda porque ela é combativa e honesta. Depois tem processos que se abortam, fracassam, por politicas erradas, porém os companheiros em geral vem os da esquerda como honestos, principalmente em oposição a quem vem da estrutura sindical, que são vistos como corruptos, entreguistas e burocratas. Na fábrica que trabalho tínhamos delegados para quem se um trabalhador fosse reclamar ou falar de um problema, muito provavelmente este delegado o entregaria aos patrões que o demitiram.

Rodrigo Claudio: A Kraft, uma fábrica muito importante do ramo no qual vocês trabalham, o da alimentação, viu sua comissão de delegados sofrer uma derrota muito grande sob a direção do PTS, o que vocês pensam sobre esta derrota?

Franco “Idoeta”: Fizemos um balanço que eles se separaram da base. Tomaram medidas de forma separada à base e acabaram pagando por isto. La ocorre ao contrario do que ocorre entre nós na Felfort, aqui tudo que a base decide, aplicamos. Não fazemos nada que a base não permite. Acreditamos que essa é a forma mais correta.

O que parece ter sido o principal problema na Kraft foi que ignoraram a participação aos trabalhadores, e os trabalhadores devolvem. Isto foi uma grande derrota, porque a Kraft era uma fábrica muito grande e importante, uma referência de luta. Esperamos que eles não repitam os erros que cometeram e voltem a trabalhar conosco.

Agora, é difícil recuperar algo, é difícil manter, mais é ainda mais difícil retomar sua posição política em uma fábrica. É isto o que nós queremos evitar, consultar todos e antes de atuar pensar muito e ter certeza que temos apoio da maioria dos trabalhadores. Assim sempre fazemos.

Rodolfo “Cacho” Vidal: Há outra coisa importante de se mencionar ligado ao período que vivemos na Argentina. A dois anos vem ocorrendo um alinhamento dos sindicatos com as patronais e o governo para impedir com que as comissões internas seja tomada pelos trabalhadores combativos. A um ataque conjunto de anulação da eleição de delegados, de delegações de fábricas inteiras, ataques de todo tipo. Isto com cumplicidade da justiça. Isto não havia há um tempo atrás.

Neste contexto, mais que nunca é preciso que se atue em conjunto com a base. Os companheiros do PTS tem uma linha de “democracia dos que lutam”. Na Kraft há aproximadamente 2.500 trabalhadores, eles fizeram paralizações com assembleias atendidas por apenas 300 operários, isto quer dizer que há algo acontecendo por ai. Não pode submeter-se 2.000 a vontade de 300. Não se pode intervir no movimento operário desta forma elitista.

Nós cometemos muitos erros, temos muitos limites, não somos perfeitos, mais fazemos os erros junto à base, sempre junto a base para aprendermos juntos a ela. Se os trabalhadores votam contra, respeitamos a sua vontade. Por isto, dizemos, só se faz o que a base permite.

Rodrigo Claudio: O processo da luta derrotada em LEAR e Gestamp, foi o mesmo problema?

Franco “Idoeta”: Foram derrotas que estamos sofrendo todos. Porque são derrotas que atingem a todo o movimento operário. No sindicato de alimentação para nós da esquerda agora temos uma fábrica a menos. Isto enfraquece montar uma chapa de oposição contra a burocracia.

Aldo: O governo dos Kirshner sempre teve apoio entre os operários, como hoje está a relação entre o movimento e o candidato governista, Scioli?

Rodolfo “Cacho” Vidal: Há um processo de ruptura. Quando o governo assumiu, há 12 anos, a economia crescia com a alta do preço das commodities. Agora, porém, com a crise econômica mundial e as politicas de ajuste, nada escapa esta realidade. O governo, já faz bastante tempo que vem aplicando o ajuste pela via da inflação. Ano a ano a inflação, de 40% ao ano, come os salários, pois o governo faz de tudo possível para impedir que o salário suba para além de 27% – 28%.

Tem também sindicatos como a federação dos aceiteros, com uma luta muito dura e um exemplo para todos nós. Lá, eles derrotaram este teto e conseguiu 36% de reajuste, que foi a melhor que já conseguimos. O nosso reajuste, por exemplo, foi de 25%.

Por isto está ocorrendo uma ruptura importante, parte disso se expressa na votação que tem conseguido a Frente de Esquerda (FIT), 1 milhão e meio de votos para um deputado pela esquerda, algo que nunca aconteceu; são resultados históricos.

Aldo: Por último, vocês querem deixar um recado para os operários e para a esquerda brasileira, aqui desde a Argentina?

Franco “Idoeta”: Bom, seguimos de perto a realidade brasileira. Ficamos com grandes esperanças quando vimos o despertar do movimento dos trabalhadores brasileiros, como há anos não acontecia. Estamos com grandes esperanças, os operários de todos os países temos que buscar se unir, mas mais ainda os operários brasileiros e argentinos, porque estamos enfrentando o mesmo inimigo e temos um futuro em comum que temos que construir juntos.

Estamos muito felizes com o que se passa aqui com a FIT, com a luta sindical e política, sobretudo porque a luta é política e tem que se expressar na construção de um grande partido que represente nossos interesses. Nós temos que estar na altura de executar isto, pois a última palavra tem de ser da massa e os trabalhadores.


Eu também queria mandar um abraço grande a todos os companheiros que conheci em 2010 quando fui a Santos no congresso de Conlutas. Conheci muitas pessoas e vi como se votavam as coisas. Uma das coisas que mais me emocionou foi com a democracia funcionava, como se decidia as coisas. E havia também muita gente, eu fiquei com isso gravado, sendo assim, mando um abraço para todos e seguimos todos juntos e firmes na luta. 

20 de out. de 2015

A esquerda e as eleições argentinas: Uma entrevista com Nacho, do PSTU Argentino

 

Rodrigo Claudio
Aldo Cordeiro Sauda


Conversamos hoje como Ignacio“Nacho” Lavalle, candidato a deputado federal pelo PSTU Argentino e pela FIT - a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. Dirigente da juventude do partido, Nacho, de 28 anos, é o principal candidato de sua organização. Ele nos contou um pouco sobre a dinâmica da luta de classes em seu país e o funcionamento da FIT, a frente eleitoral de esquerda que tem hoje 5% das intenções de voto.  



Aldo e Rodrigo Claudio: Qual a origem da Frente de Esquerda?

Nacho: A Frente de Esquerda (FIT), criada em 2011, tem haver diretamente com a situação objetiva da Argentina. Para a vida dos trabalhadores houve mudanças importantes entre o período em que Nestor Kirchner elegeu-se presidente, em 2003, e aquele iniciado após 2011, quando surgiu a FIT. Digo isto porque houveram outras frentes de esquerda antes, mais em 2011 há um divisor de aguas nesta política, marcado por uma mudança concreta na realidade.

Cristina Kirchner, que no inicio de seu governo reivindicava para si as bandeiras do movimento dos trabalhadores, como a questão da soberania nacional, dos direitos humanos e defesa dos direitos trabalhistas, começou então a adotar um perfil mais atrelado aos atuais ajustes fiscais. Rompe com os elementos de um governo que havia surgido originalmente próximo das organizações sindicais, como a CGT, começando a adotar um perfil de governo burguês clássico. Esta nova realidade foi algo importante para que defendêssemos a necessidade objetiva de que a esquerda se unisse em uma frente que intervisse nos sindicatos, universidades, nas greves e todas as lutas sociais contra o ajuste.

Outro ponto importante é que em 2011, o governo realiza uma reforma eleitoral. Isto será um motivo para o surgimento da FIT e ao mesmo tempo uma de suas fontes de fragilidade. A primeira declaração publica da FIT, feita por Jorge Altamira, principal dirigente do Partido Obreiro (PO) em 2011, antes da frente tornar-se um fenômeno eleitoral com 1.5 milhões de votos, era que o governo havia obrigado a esquerda a se unir. A reforma eleitoral colocou o PO, a maior organização dentro da FIT, em uma posição defensiva.


A & C: O que foi exatamente esta reforma?

N: Surgiu, em 2011, uma nova lei eleitoral. Ela na prática exigiu que o PO se juntasse com o resto da esquerda para conseguir superar a nova cláusula de barreira de 1.5% dos votos exigidos para que um partido pudesse apresentar candidato às eleições presidenciais. Antes da reforma, a esquerda podia participar automaticamente das eleições, inclusive com diversas listas. Apesar dos muitos limites que haviam antes de 2011 ligados à democracia burguesa, não existia a necessidade de um primeiro desempenho, um verdadeiro filtro, eleitoral.

Vale lembrar que denunciamos com muita força não só as politicas de ajuste, mas também o PASO, nome dado às eleições primárias abertas que ocorrem de forma simultânea e obrigatória. Elas foram denunciadas por serem uma medida para cortar a possibilidade de desenvolvimento da esquerda e sobretudo impedir que os trabalhadores tivessem suas próprias alternativas. Ela surge no contexto de um governo que antes se denominava um governo dos direitos humanos e da soberania nacional e que começa a aplica a chamada lei anti-terrorista contra ativistas dos movimentos sociais. O governo inicia também a reprimir o movimento operário com a polícia, que foi algo relativamente novo. Isto inclusive era um ponto de orgulho do Kirchnerismo, que eles não jogavam a polícia contra o povo, que era um governo que não reprimia o movimento dos trabalhadores. Havia, é claro, repressão neste período, porem ela ocorria de forma muito mais atomizada. Exemplo disto foi o assassinado do jovem Mariano Ferreyra, um estudante e militante do PO, que foi assassinado pela polícia, com colaboração da burocracia sindical, por participar de um piquete contra as políticas de terceirização.
  

A & C: E qual é o peso hoje que este processo vindo de cima, como resposta eleitoral a uma mudança legislativa, afeta a FIT?

N: A questão do perfil defensivo dos partidos majoritários da FIT significou em parte que ela surgiu porque para o PO e o Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) - as duas principais organizações da frente - não havia outra opção. Se disputassem o PASO em separado não passariam a clausula eleitoral e não poderiam nem participar das eleições presidenciais.

A verdade é que isto criou uma dinâmica que limita o potencial da Frente de Esquerda, que também se liga a uma posição sectária dos partidos majoritários que impedem com que a frente expresse uma maior unidade nas lutas sociais, que avance na construção da unidade cotidiana e fortaleça a construção partidária sob as bases deste desenvolvimento.

Outro limite da FIT é que mesmo sendo uma frente com um programa que consideramos em termos gerais trotskista e formados por partidos trotskistas, seu funcionamento, a participação em mesa de debates, de qual a política eleitoral terá a frente, incluindo quais são os seus membros, dá-se com um critério burguês; só os partidos que tem a legalidade burguesa e peso eleitoral tem direito a decidir seus rumos. Então partidos como o PSTU argentino e outras organizações política não tem poder de voto na FIT. Além do mais, a forma de se resolver disputas internas para o candidato à presidência, como ocorrida durante o PASO deste ano entre Altamira, do PO, e Del Cano, do PTS, foi péssima. Optou-se por diminuir as diferenças entre os partidos de esquerda através de internas publicas sem nenhum critério classista ou revolucionário, apenas nos marcos da democracia burguesa. Isso foi um passo atrás em relação à unidade quem havia sido conquistada previamente, gerando desgastes no movimento e tirando seu foco da luta contra a austeridade.

Mas estes são os limites. O grande elemento positivo da FIT foi sua capacidade de conquistar 1.5 milhões de votos, algo histórico para o trotskismo. Acho que não existiu, na historia do trotskismo mundial, uma votação tão alta para a extrema-esquerda.

Em soma, por conta da realidade imposta, se a esquerda não tivesse de forma unida intervindo em 2011, o desenvolvimento que veio a ocorrer depois nacionalmente, com a FIT se aproximando de 1.5 milhões de votos, não aconteceria.


A & C: E como funciona a frente como instrumento para entrar nas fabricas e entre os estudantes? Como afeta a militância cotidiana dos membros do PSTU-Argentina estar na Frente de Esquerda?

N: Sem duvida a FIT para nós é algo muito importante. É algo muito progressivo existir a Frente de Esquerda. Tem muitas contradições, problemas, mas a principal tarefa da esquerda hoje é trabalhar para desenvolver a FIT e coloca-la a serviço da tarefa central de enfrentar o ajuste.

Só a existência da Frente de Esquerda enquanto uma frente que aglutina a esquerda, e ainda mais, ativistas independentes do movimento que não estão em partidos mais que apoiam e compartilham das ideias e a iniciativa, gera na classe trabalhadora, entre os estudantes, uma simpatia muito grande.

O surgimento da FIT, como iniciativa de unidade da esquerda, é algo histórico inclusive para a classe trabalhadora Argentina. Que a esquerda, ao invés de ficar se matando entre si, se junta, e tem candidaturas comuns e um programa conjunto, conquista mais de um milhão de votos, toda esta potencialidade, esta expectativa e esta esperança, permite uma construção muito concreta nos locais de trabalho.

É importante mencionar que na FIT, todos nós participamos das paralizações gerais, mas não existe um congresso sindical único para organizar o movimento. Uma entidade que coloque que para enfrentar o ajuste é preciso fazê-lo de forma independente da burguesia e do governo, independente da burocracia sindical, e exigir das centrais a greve geral nos lugares de trabalho. Mas a Frente de Esquerda não faz isto. Não apenas não faz isto como não tem política para isto. Ano passado aconteceram três encontros de cada um dos três principais partidos da Frente de Esquerda (Partido Obreiro, Partido dos Tabalhadores Socialistas e Esquerda Socialista) para realizar este processo. Três encontros sindicais convocados pelos Três principais partidos de esquerda da FIT para convocar a luta, se atacando entre si, dificulta a possibilidade de disputarmos as comissões internas nas fábricas e os estudantes contra a burocracia.

Este problema de sectarismo, por exemplo, gerou muitos problemas nas fábricas em que a esquerda atua. Inclusive fábricas em que integramos a comissão interna, em que há risco de fraude às eleições sindicais pela burocracia, pela patronal, pelo ministério do trabalho... O PTS, por exemplo, que tinha militantes dentro de uma fabrica, a Felfort, faz uma campanha contra a comissão interna, e não contra a patronal dois dias antes das eleições da comissão

Estes fenômenos são concretos, reais, físicos, medíveis, e afeta o nível de consciência da vanguarda. Porque a vanguarda conhece estas questões internas, enquanto a massa na há vê. A massa vê o fenômeno da frente de esquerda, que eles se juntaram, que tiveram muitos votos, lutam contra o ajuste, mas nos lugares em que queremos construir o partido estas contradições têm efeitos muito diretos, inclusive na universidade. Mas é um fenômeno de conjunto muito positivo.


A & C: E como este processo se liga ao desgaste mais geral do Kirchnerismo?

N: A classe trabalhadora Argentina, em 2001, sai muito brava com toda a situação politica, defendendo o “que se vão todos”, rompendo na prática com o regime político e suas instituições. Neste momento que surge o kirchnerismo, com apoio do imperialismo, para fechar este processo.

A proposta de estabilização era clara, o Kirchnerismo diria para os trabalhadores aquilo que eles queriam ouvir, inclusive um discurso de enfrentamento com o imperialismo, porem ao mesmo tempo aplicando uma política econômica pró-imperialista. Dentro destes marcos, o imperialismo permitiu que o governo não pagasse a divida por dois anos, e aplicasse este dinheiro em programas sociais, mas depois, voltaria a paga-la. Dentro destes marcos, porém, dá aos trabalhadores concessões concretas.

Os empregos desde 2001 cresceram, com trabalho precarizado, sem carteira de trabalho, mas cresceram, em alguns casos inclusive impulsionados diretamente pelos programas de emprego do governo. Porém, o que acontece de forma mais acentuada a partir de 2011 e principalmente depois de 2013 é que a classe trabalhadora argentina, conquistada ideologicamente principalmente pelo modelo de governo de Nestor e de forma mais contraditória com Cristina, porém dentro deste um modelo mais global Kirchnerista, começa a perder suas ilusões.

Inicialmente acreditava-se que os Kirchner eram uma saída para melhorar a vida cotidiana dos trabalhadores. A experiência com esta realidade, porém, foi muito concreta. Em 2014, meio milhão de empregos foram encerrados por conta da crise. Hoje, 40% dos trabalhadores não tem carteira assinada ou direitos sindicais. E esta ruptura dos trabalhadores com o governo integra um processo mundial, ligado diretamente às politicas de ajuste que passam a atingir mais forte a Argentina atualmente.


A & C: Aonde, exatamente, entra a questão da crise econômica mundial neste cenário?

N: A crise mundial na Argentina tem se desenvolvido de uma maneira intensa não só em velocidade mas também em profundidade. Na América Latina se dizia que a crise não entraria com força, porem não foi isto o que aconteceu. Este discurso tinha a ver com a natureza de uma série de governos que junto ao Kirchnerismo e com diferentes perfis, dependendo também do processo político de cada país, assumiram o poder, criando grandes expectativas. Digo dos governos de Frente Popular, castro-chavistas, com características populistas, Evo Morales, Chavez, agora Maduro, Dilma no Brasil, os Kirchner na Argentina. Inicialmente, governam com a economia em crescimento, com a exportação de soja, matérias primas, etc. Porém, entram rapidamente, pelo menos nos últimos dois anos, numa situação de crise econômica muito profunda.

Essa forma de governar que aqui na Argentina denominamos o modelo Kirchnerista, tem limites objetivos, não é só uma questão de vontade de governar bem ou não. Objetivamente o estado nacional está pagando 13 bilhões de dólares anuais de dívida externa, a projeção para ano que vem é que vai duplicar. Isso, para o nosso PIB, é um golpe muito forte. Implicará em ataques à economia estatal, à educação pública e à saúde. Dentro destes marcos, em 2011 e 2012 começa a mudar a consciência dos trabalhadores, eles começam a compreender que na verdade o Kirchnerismo pode ser que não seja esse bote salva-vidas que venha salvá-los da crise. Começam a ver que esses governos têm limitações. Entre outras expressões disto, está o baixo nível de entusiasmo no candidato governista nas atuais eleições.


A & C: E como este processo de ruptura se da a nível sindical e político?

N: A nível sindical, o Kirchnerismo, primeiro negociando e depois cooptando as principais direções sindicais da Argentina, conseguiu amordaçar o movimento operário industrial. Por exemplo, atualmente temos cinco centrais sindicais, que dirigem de alguma forma o movimento operário e de trabalhadores. São três CGT e duas CTA. Dessas está a de Moyano, principal burocrata sindical do país, que dirige centralmente o sindicato dos caminhoneiros. Estamos falando de um sindicato estratégico na Argentina, sobretudo depois da privatização das estradas de ferro nos anos 90. Inicialmente era um grande aliado de Nestor Kirchner, cumprindo um papel importante na defesa do pacto social, mantendo inclusive as condições precarizadas dos trabalhadores. Porém, agora assumiu uma linha de ruptura com o governo de Cristina. Uma ruptura que essencialmente se explica porque o governo de Cristina começa a fazer uma giro de estreitar laços com o empresariado, e não deixar espaço dentro do próprio governo para a burocracia sindical.

Por fora dele está Calõ, que dirige a UOM, a federação metalúrgica. Ele atualmente está sendo processado por lavagem de dinheiro. Aliado direto do governo nacional, ele é extremamente pelego, como vocês dizem no Brasil. Tambem tem Barrionuevo que dirige um setor histórico, parte da burocracia mais dura no peronismo e que inclusive nas greves nacionais saíram junto com Moyano para fazer a paralisação. Por fim tem a CTA, que organiza centralmente funcionários públicos mas também de outros sindicatos ligados ao governo nacional e sem nenhum tipo de fratura pública com o governo.

Atualmente, o grosso do movimento operário argentino vota no Kirchnerismo mas na fábrica luta contra a burocracia Kirchnerista. Vocês entendem? Luta contra os Moyano, os Calo, a CTA ... No entanto, quando tem que votar, vota Kirchnerismo, mas isso também começa a mudar, centralmente porque como o processo começa pelas condições de vida, por salário, por trabalho estável, a luta começa pelo sindical.

Nestes marcos, começam a surgir várias comissões de fábricas internas independentes, anti-burocráticas, não necessariamente ligadas nem a Frente de Esquerda ou a esquerda trotskista tradicional, surgindo como um fenômeno independente. Suas reivindicações são absolutamente sindicais, não colocam uma luta pela independência da classe em nível político.

O sindicalismo para nós trotskistas é algo limitado, e em alguns momentos inclusive cumpre um papel regressivo ao amordaçar os trabalhadores. Como isto se expressa? No processo de mobilização dos professores houve uma mobilização de milhares de trabalhadores, com as escolas paradas a mais de um mês na província de Buenos Aires. Ela ocorreu atravessando os muitos sindicatos e com docentes não filiados a nenhum sindicato que se auto-organizavam nos locais de trabalho, nas escolas, praças, para marchar e participar. Bom, a esquerda neste processo atuou de forma contraditória. O PO, por exemplo, tomou a decisão que nas assembleias só votam os filiados ao sindicato. Então, se há 300 trabalhadores que querem lutar mas que não são filiados ao sindicato, eles não podem sequer entrar na assembleia.

Esse processo que nós estamos vendo começa agora a acontecer de forma generalizada. Em muitos sindicatos pelo país, ela acaba por se encontrar com os processos da esquerda. Este processo, no atual momento, começa a ser político. Para nós a ponta do iceberg dele são as eleições da Frente de Esquerda. Quando começamos em 2011 tínhamos 300 mil votos, logo depois 500 mil e em 2013 chegamos a 1 milhão e meio de votos nas eleições legislativas.

Não indicaria uma perspectiva de votos agora para esse ano, mas creio que vai ser uma eleição muito boa para a Frente de Esquerda, que possivelmente vai ocupar o quarto lugar. Em suma, a Frente de Esquerda vem a ocupar um espaço abandonado pelo Kirchnerismo.


A & C: E fora do campo sindical, como se da este processo?

N: Há os fenômenos populares ligados a esta ruptura, para além do sindical. Por exemplo, o massacre de Once, um acidente ferroviário, em que um trem se descarrilha, atinge as pessoas na estação e leva a morte de 50 pessoas. Randazzo, um dos candidatos do kirchnerismo que acabou não disputado as primárias, alinhado a Cristina, tinha como sua bandeira, até mesmo porque estava ligado a este setor, a “Revolução Ferroviária”. Algo, inclusive, já reivindicado pelo kirchnerismo. Com o massacre do descarrilamento há uma ruptura muito grande, dentro dos marcos da tragédia da morte de mais de 50 pessoas, fazendo com que ecloda escândalos de corrupção ferroviária. Elas mostram que o governo não estava fiscalizando a questão, colocando em risco a vida dos trabalhadores que tem que viajar para trabalhar. Vale dizer que os 50 mortos eram, é claro, trabalhadores. Isto gerou mobilizações, indignação, e inclusive rupturas de massas importantes com o governo.

Por conta disto, caiu um funcionário do governo vinculado diretamente às questões de corrupção. A justiça o condena a um ano e meio de reclusão em sua própria casa, nem preso ele vai. Responsável por 50 mortos... estes são elementos que não são apenas sindicais, mais também políticos, e que aceleram a experiência.


A & C: Esta semana completou 70 anos do primeiro governo de Peron. Moreno dizia que a maior tarefa da esquerda era ganhar a classe trabalhadora a romper com o peronismo. Voce acha que é determinante o avanço desta ruptura, que isto é decisivo para avançar o processo? Neste sentido a FIT tem travado este processo por não conseguir chamar uma frente única ou uma organização em comum para organizar as lutas?

N: O kirchnerismo e o peronismo não são exatamente a mesma coisa. São fenômenos que se relacionam entre si, mais tem elementos distintos. Com o peronismo, para nós já há uma ruptura histórica. A nova vanguarda dos trabalhadores não enxerga mais Peron como um ícone central. Lógico, o peronismo segue existindo na Argentina com enorme peso político, e disputamos este espaço com eles, só que com outra expectativa.

Agora, de fato, a Frente de Esquerda tem muitas limitações. A ausência de uma unidade de ação em lutas politicas importantes, como a ligada à fraude eleitoral ocorrida em Tucuman, ou quando jogou-se 1 milhão de litros de cianureto em Barrick Gold, a esquerda foi incapaz de dar uma resposta conjunta a isto. Tivemos, entre os aceiteros, por exemplo, uma greve muito forte, com mais de 1.200 trabalhadores parados, o porto sem funcionar direito por um mês, e a Frente não conseguiu, por ausência de uma política unitária, se envolver diretamente com ela. Isto é uma realidade, um limite da FIT.

Para nós a certeza é que se a FIT seguir a política fechada e sectária, de não permitir o ingresso na frente de novas organizações, inclusive organizações trotskistas, como o Novo MAS e o MST, que estão de fora da frente, com uma convocatória maior, incluindo as comissões de fábrica que rompem com o kirchnerismo, combatendo o ajuste, atuando para construir este polo de luta e resistência, ela, no longo prazo, fracassará. Se não formos neste caminho a FIT acabará sendo um obstáculo para o cumprimento desta tarefa.

Depois das eleições, e estou certo que o Scioli, o candidato de Cristina Kirchner vai ganhar, ocorrerá uma intensificação na política de austeridade e nos ataques aos trabalhadores. A dinâmica será mais rápida que a atual. Então a FIT terá de se localizar neste processo.


A & C: Você fala da vanguarda que rompe com o Kirchnerismo. A FIT tem mais espaço na juventude, digo a juventude operaria e estudantil?

N: Sim, certamente. Há um fenômeno combinado. A frente de esquerda tem muito peso na juventude, muito mais que nos setores etários de 40, 50, 60 anos. Principalmente por ser um fenômeno novo que inclui em seu perfil de construção gente jovem. Os setores mais jovens tem uma tendência a se radicalizarem de forma mais rápida. É uma característica desta nova vanguarda. Na Argentina testemunhamos esta nova vanguarda alguns elementos específicos, ela surge e se enfrenta diretamente contra o ajuste muitas vezes inclusive sem medir a consequência de suas ações, isto acontece inclusive nas fábricas.

Uma vanguarda que nasce sem as amarras históricas do que é o peronismo, que contra Peron não se faz uma greve, contra Peron não se luta. Ela surge inclusive fazendo luta diretamente contra a burocracia peronista. Mas também uma vanguarda que não tem referência política clara, inclusive nas lutas sindicais, e muitas vezes se degenera e burocratiza rapidamente. É um fenômeno com esta contradição. Por exemplo, o fenômeno aceitero (trabalhadores da produção de aceite), em que uma vanguarda de trabalhadores jovens, com cerca de 30 anos, ganham o sindicato e derrotam a burocracia, sem um papel dos trotskistas ou da FIT. Se derrota a burocracia sindical, e esta nova vanguarda toma o sindicato, dirigindo ele inteiramente. Hoje, cumprem um papel contraditório. Ganharam esta luta com enfrentamento, com bloqueios, com greves, porem, dois dias após esta grande vitória vem uma greve geral convocada pelas centrais sindicais, e os mesmos que lideraram aquela luta não participam dela.

A juventude, portanto, esta no front desta luta, entrando muitas vezes nos partidos que compõem a FIT, e este é o polo mais dinâmico deste processo. Agora, também há contradições, e se não ganhamos esta vanguarda para um projeto político, cairemos em problemas como os descritos acima, ligados aos problemas da crise de direção. 

2 de out. de 2015

2 anos da Invasão da casa de Matheus Gomes e lideranças do bloco de lutas em Porto Alegre!




Por Matheus Gomes - Direção Estadual do PSTU RS

Já fazem dois anos. Não tenho como esquecer daquela manhã de terça-feira quando fui surpreendido pela Polícia Civil e tive minha casa invadida. Como nos tempos da ditadura, mas dessa vez com um amparo legal para tentar justificar o injustificável. Ameaçaram arrombar minha porta, foram ao local de trabalho do meu pai, perguntaram por drogas, armas, mas só levaram meu notebook, livros e textos marxistas considerados subversivos, até hoje não vi a cor de nada. Nos expuseram na mídia como criminosos. O Jornal Nacional marcou nossos rostos como faz com traficantes e estelionatários, tudo para desmoralizar os movimentos sociais e tentar apagar a chamar acessa em junho de 2013. Depois disso sofri ameaças da Brigada Militar, fui recebido com policiais armados em frente a minha casa, apresentado ao Exército como um dos alvos do período da Copa, mas não abaixei minha cabeça.



Construímos uma campanha nacional e internacional. Nosso caso foi levado a Corte Interamericana dos Direitos Humanos da OEA, moções de solidariedade vieram da Europa, América Central, até do Irã. Também denunciamos no Senado Federal a perseguição aos movimentos sociais. Fomos as bases das universidades, escolas e locais de trabalho, recolhemos quase 10 mil assinaturas em nossa defesa. Fizemos um ato nacional de entidades sociais e organizações políticas em Porto Alegre, recebemos o apoio de juristas, artistas e da população que nos reconhecia nas ruas. Nas eleições a Juventude do PSTU levantou essa bandeira e minha candidatura recebeu mais de 11 mil votos, o 25° mais votado em Porto Alegre. Certamente eles não esperavam essa reação. Mas não descansaremos até a nossa completa absolvição.
Foi sob o governo de Tarso Genro que isso aconteceu. Foi sob a tutela de Dilma que leis autoritárias voltaram a legislação. O Estado Democrático de Direito não existe pros movimentos sociais, o povo pobre e preto no nosso país. A batalha que travamos é pelo fim da perseguição a quem ousa lutar contra as desigualdades do sistema, é pelo direito ao futuro de quem é oprimido e explorado a cada dia. Não nos calaremos, gritaremos mais alto!